Folha de Londrina

Montagens de companhia de Curitiba são atração no Festival de Dança

“Memória de Brinquedo” faz uma reflexão sobre a tecnologia e a infância; “Dom Quixote” traz o balé clássico ao Festival de Dança de Londrina

Walkiria Vieira

“A arte existe para que a realidade não nos destrua”. Atribuído ao filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão, Friedrich Nietzsche, que viveu entre 1844 e 1900, o pensamento conduz a uma reflexão sobre o sentido da arte na vida dos homens. A dança, por sua vez, também media e provoca, por meio de gestos, movimentos e expressões.

Nessa perspectiva, o Festival de Dança de Londrina, que segue até o próximo domingo (15) promove esse exercício de matutar crenças, comportamentos e ideias sobre si e sobre o mundo. E essa é a proposta de “Memória de Brinquedo”, que leva a uma reflexão sobre a tecnologia no cotidiano e a importância de conservar a atividade do brincar, fundamental no universo das crianças.

Em “Memória de Brinquedo”, o público irá prestigiar, por meio da dança contemporânea, histórias, lembranças e sensações criadas e construídas ao longo da infância, sendo os brinquedos elementos que integram a cena. Para os mais jovens, verdadeiras peças de museu. De um tempo em que brincar, incluía movimento, integração com o outro e com o meio. A apresentação conta com 24 bailarinos.

Um exemplo é o pogobol, sucesso da década de 80. A bola com um disco de plástico reto permitia que a pessoa, de qualquer idade, subisse e pulasse. Colorido, leve e interativo, é um convite ao movimento e até a desafios. E assim ele surge no palco, de posse de um bailarino que se exibe divertidamente. Peteca, bola, pé de lata, telefone sem fio. Brincadeiras simples e que marcaram infâncias longínquas.

A infância de antigamente tinha boneca de plástico sem cabelo e criança correndo na rua, subindo em árvore. Havia brincadeiras e com o essencial para funcionarem: como os elásticos para pular e o barbante, ou cama de gato, verdadeiro desafio nas mãos e nó na cabeça do adversário. No palco, o público poderá ver ainda cachorro de borracha, robozinho customizado, carrinho sem controle remoto e referências a brincadeiras que têm significado para várias gerações e, de modo distinto, estão incorporadas à coreografia de Luiz Fernando Bongiovanni, atual diretor do Balé Teatro Guaíra.

Diretor de alguns espetáculos que são referência no balé – como “Carmen” e “O Lago dos Cisnes” - Bongiovanni foi bailarino por mais de 20 anos, metade deles passados na Europa. No Brasil desde 2004, trabalhou como coreógrafo em companhias como Balé da Cidade de São Paulo, São Paulo Companhia de Dança e Balé Municipal do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Sua missão no Balé Teatro Guaíra é a de ampliar o alcance do BTG e chegar a todos os públicos.

Com sucesso, a montagem realiza um resgate poético e o incentivo ao lúdico baseando-se em várias fontes, desde a memória individual e coletiva do brincar e de sua representação simbólica, até estu

dos recentes da neurociência que o apontam como uma atividade fundamental para o desenvolvimento físico e psicológico das crianças. A montagem tem 55 minutos. Haverá um intervalo de 10 minutos.

AVENTURAS DE UM CAVALEIRO

Na mesma noite, o público poderá assistir a uma suíte de “Dom Quixote”, o que significa um trecho deste balé de repertório, com a primeira parte do famoso balé ambientado na Espanha. A história é baseada nas aventuras do cavaleiro andante criado por Cervantes no ano de 1605.

A estreia da montagem foi realizada em maio deste ano, como parte das comemorações pelos 330 anos de Curitiba. Contou com 55 bailarinos e uma plateia de aproximadamente 2 mil pessoas, que aplaudiu em pé a performance da Curitiba Companhia de Dança com os solistas convidados.

Balé de repertório é aquele que contém uma história dentro dele, representada por meio de danças. Quixote é um apaixonado por novelas de cavalaria e embarca neste mundo de fantasia, confundindo moinhos de vento com gigantes e aprontando outras divertidas confusões. A coreografia original é de Marius Petipa e Alexander Gorsky, com música de Ludwig Minkus, e estreou em 1869 no Teatro Bolshoi do Ballet Imperial da Rússia.

No palco, os bailarinos evocam a saga do personagem-título em busca de Dulcinea, a mulher que ele viu em seus sonhos. Acompanhado de seu fiel escudeiro, Sancho Pança, Dom Quixote chega a Sevilha e conhece Kitri, uma moça prometida em casamento ao nobre Gamache, mas que está apaixonada por Basílio, o barbeiro.

Kitri e Basílio seguem Dom Quixote e Sancho Pança até um acampamento cigano, onde a princípio são recepcionados como invasores. Uma cigana, porém, reconhece sua amiga Kitri, fazendo com que os ânimos se acalmem. Dom Quixote, que chegou a acreditar que a bela moça seria a Dulcineia de seus sonhos, enfim percebe o engano e pode recomeçar sua jornada. A versão da Curitiba Cia. de Dança tem ensaio e coordenação de cena assinados por Ana Botafogo.

O Festival de Dança de Londrina 2023 é uma realização da APD (Associação dos Profissionais de Dança de Londrina e Região Norte do Paraná) e tem patrocínio da Prefeitura Municipal de Londrina / Secretaria Municipal de Cultura, por meio do PROMIC (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), com apoio institucional da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Conta ainda com o apoio cultural da Rádio UEL FM.

SERVIÇO:

“Memória de Brinquedo” (55)/ “Dom Quixote” (suíte) 30 minutos Curitiba Cia. de Dança (Curitiba-PR) Dia: terça-feira (10), às 20h Local: Teatro Ouro Verde (R. Maranhão, 85) Classificação indicativa: Livre Ingressos: R$20 e R$10 (meiaentrada) Vendas on-line na plataforma Sympla Vendas presenciais: Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85) Horário de funcionamento: das 16 horas até o início do espetáculo

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2023-10-10T07:00:00.0000000Z

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